08/03/2009

FORMAR LEITORES/Leitura Orientada


Segundo Poslaniec (2006:8) só se tem o domínio da capacidade de ler quando as diferentes operações de descodificação estão totalmente automatizadas; só a partir daí pode haver uma preocupação com o sentido e, para chegar a este automatismo é preciso “ler e ler cada vez mais.” Ler é dar sentido a um texto, é uma operação em que o leitor é tão importante como o lido, é um diálogo entre o imaginário e o texto. Segundo Cerrillo (2006) ler não é um jogo, mas uma actividade cognitiva. O mediador de leitura deve ter como funções: criar e fomentar hábitos de leitura, ajudar a ler por prazer, orientar a leitura extra-escolar, coordenar e facilitar a selecção de leituras segundo a idade e o interesse, preparar, realizar e avaliar animações de leitura. O mediador deve reunir determinados requisitos: ser leitor habitual, ser capaz de transmitir e partilhar o prazer de ler, conhecer o grupo, ser criativo e imaginativo, conseguir informação renovada e ter formação literária, psicológica e didáctica.
Nesta sessão temática pedimos inicialmente às colegas que, após o visionamento de um diapositivo, respondessem à questão nele formulada, anonimamente: “És especial. Porquê?”; colocaram os papeis numa caixa.
De seguida abordámos e discutimos, através de um PowerPoint, as seguintes questões: Tipologias e características dos textos a ler; Estratégias a utilizar antes, durante e depois da leitura de textos; Estratégias para o ensino explícito da compreensão de textos narrativos.
Iniciámos uma sessão de leitura a partir do livro “Sou especial porque sou eu!”, de Ann Meek e Sarah Massini.
Fizemos a leitura oral da obra e, seguindo uma sugestão de Silva (2006), registámos no quadro as palavras “identidade” / “alteridade” e promovemos o diálogo retirando exemplos do texto para as definições sugeridas (autoconfiança, partilha, dinamismo, alegria, mérito, reconhecimento, reflexão, crescimento); tentámos chegar àquilo que o menino sentia no recreio (rejeição, humilhação, solidão, tristeza…) e ao que sentia em casa (atenção, carinho, solução de problemas, confiança, alegria); sequenciámos cartões com as imagens da história e, cada participante na sessão elegeu o cartão de que mais gostou e inventou uma história a partir dele;
O espelho e o António
Imaginem um espelho amigo do António!
Será possível?

Não! Um espelho não é amigo de ninguém. Um espelho só reflecte a imagem das pessoas… mas nunca pode ser nosso amigo!
Pois é… o António não pensa assim.
O espelho é, de facto, um grande amigo do António… porquê?
O António usava óculos… os amigos da escola chamavam-lhe caixa-de-óculos.
Eram cruéis e o António sofria com isso!
Foi o tal espelho… aquele que parecia não ser amigo de ninguém… que ouviu o António e lhe fez sentir que os seus óculos lhe permitiam ver mais, melhor, mais longe e com mais nitidez!...
Afinal, ter óculos não é assim tão mau! Já não me importo de ser o caixa-de-óculos!
- Dina Macias

Bernardo

Bernardo, um menino de uma escola do 1º ciclo, sentia-se muito infeliz porque os colegas nunca lhe deixavam ter o papel que mais gostava nas suas brincadeiras.
Certo dia as crianças decidiram brincar aos marinheiros e o Bernardo queria ser o capitão mas, os colegas não deixaram e deram-lhe o papel de marinheiro.
O Bernardo, muito triste, foi ter com a professora. Esta, sabendo do que se tratava, acariciou o menino, conversou com ele e fez-lhe ver que o papel de marinheiro também é muito importante.
O Bernardo, muito satisfeito, foi ter com os colegas e aceitou. Começaram a brincar e, a determinada altura, o aluno subiu a um morro que havia no recreio e, com os binóculos, começou a gritar:
-Terra à vista!!
O Bernardo ficou muito feliz.
-Raquel Moreno


Marcolino
Marcolino, criança infeliz e triste foi passear para a floresta e encontrou alguns macacos; em silêncio subiu a uma árvore, sentou-se num ramo e pôs-se a observá-los.
Vendo a alegria que eles lhe transmitiam pensou:
_Que vida tão bela! E se eu me transformasse em macaco e ficasse na companhia deles?
Quando os macacos o viram, chamaram-no e convidaram-no a ficar com eles.
Marcolino ficou muito contente e aceitou o convite. Dali em diante brincavam todos juntos na floresta, saltando de ramo em ramo…
-Fátima Cordeiro

O Rui

O Rui era uma criança que frequentava a escola do 1º ciclo. Ele era mau e todos os dias batia nos colegas, durante o recreio.
Assim, criou inimizades entre os colegas e ninguém gostava dele. O nRui ficou sem amigos e passava os dias sozinho e os seus colegas de turma divertiam-se e eram amigos uns dos outros.
O Rui vendo que não resultava ser mau, começou a ser delicado para com os colegas. Começou a criar amizade e resolveu criar um teatro para todos os colegas participarem. Até deixou que o papel principal fosse um colega que fizesse e ele próprio foi uma simples raia.
Foi tudo muito bonito e feito com grande amizade.
Todos se tornaram amigos e ajudaram-se uns aos outros.
-Eugénia Gil

Viva a diferença!”

O João vivia numa vila e tinha muitos amigos.
Por motivos profissionais, os pais tiveram que mudar de casa, havendo a necessidade de mudar para uma vila longe daquela onde ele estava habituado a viver.
Ao chegar à nova escola verificou que lá havia meninos de várias cores.
Não era só ele que estava afastado do seu habitat, aquelas crianças estavam longe das suas origens e, não era por isso que se sentiam infelizes.
Então, decidiu que o mais importante não é o lugar onde vivemos, mas sim as pessoas com quem partilhamos a nossa vida e os nossos momentos. Por isso, decidiu juntar-se aos outros meninos e SER CRIANÇA!!
-Goreti Lino


De uma caixa retiraram peças de “puzzles” de palavras, originando doze vocábulos “positivos”, retirados da história; com essas palavras construíram, colectivamente, um texto:
“Imaginem um menino DIFERENTE!...
O que sentirá ao ver-se ao ESPELHO?
ESPECIAL ou FANTÁSTICO?
Um CAVALEIRO andante?
Ou simplesmente um ser DIFERENTE.
Não será ele CORAJOSO?
Ninguém é PERFEITO!
O espelho soltou-lhe um SORRISO!
Foi fantástico!
Afinal ele era SORTUDO.
FORTE e FELIZ era simplesmente um ser especial!”

Associámos as formandas que têm turmas de 1º e 2º anos num grupo e as que têm turmas de 3º e 4º anos noutro; demos a cada grupo os livros PNL que irão trabalhar em sala de aula no 3º Período e pedimos para trabalharem na operacionalização dos mesmos; cada grupo apresentou o seu trabalho e a formadora deu sugestões de trabalho com os mesmos; cada participante tirou um papel de uma caixa (os que foram escritos no início da sessão), leu-o e, com todos eles construímos o texto:
Sou especial porque…”
Sou importante para a minha família.
Porque sou uma fada dentro do meu ninho.
Porque olho o futuro com tranquilidade.
Porque sou obesa.
Porque sou diferente…

Os formandos fizeram a avaliação oral da sessão que, pensamos ter contribuído para a melhoria das práticas das colegas.
Esta sessão temática foi elaborada com base nas obras que se seguem:
CERRILLO, Pedro C. (2006). Literatura Infantil e Mediação Leitora.. In AZEVEDO, Fernando (Coord.). Língua Materna e Literatura Infantil - Elementos Nucleares para Professores do Ensino Básico. Lisboa: Lidel edições técnicas, lda., pp.33-46.
POSLANIEC, Christian. (2006). Incentivar o Prazer de Ler. Porto: Edições Asa.
SILVA, Gisela. (2006). O Imaginário na Literatura Infanto-Juvenil. Leituras Entre Mãos. In AZEVEDO, Fernando (Coord.). (2006). Formar Leitores - Das Teorias às Práticas. Lisboa: LIDEL (pp.105-129).
SIM-SIM, Inês. (2007). O Ensino da Leitura: A Compreensão de Textos. Lisboa: Ministério da Educação - DGIDC.

A Formadora Residente: Alexandra Subtil

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