15/05/2009

SESSÃO TEMÁTICA - ESCRITA

O “domínio das técnicas instrumentais da escrita” é considerado como meta do 1º ciclo, no Currículo Nacional do Ensino Básico.

“Na actual sociedade de informação, o domínio da escrita é uma questão de cidadania. O seu exercício pleno traduz-se nas competências de aceder à informação, de seleccionar criticamente o que é relevante, mas, fundamentalmente, na utilização da escrita, enquanto instrumento de intervenção social, com todo o poder que ela simboliza.” (Santana, 2007:17)

Goulão (2006) afirma que, a aquisição da linguagem escrita se inicia muito antes da escolaridade obrigatória, quando a criança vê materiais escritos, na rua, no supermercado, em casa… e, a escola não deve menosprezar esses conhecimentos.
Escrever é uma actividade de resolução de problemas, uma actividade orientada para um fim.
No processo de escrita consideram-se três etapas essenciais:
a) A planificação (mobilização de conhecimentos);
b) A textualização (conversão em linguagem escrita e em texto do que se seleccionou na etapa anterior);
c) A revisão (a (re) leitura do texto para aperfeiçoar e/ou corrigir);
Escrever é um processo complexo, de construção de sentido, que para se realizar exige que:
- Se eleja uma audiência específica;
- Se represente com clareza o que se pretende dizer;
- Se seleccione o modo como se pretende fazê-lo.

A capacidade de produzir textos escritos, como referem Barbeiro e Pereira (2007) é uma exigência da vida em sociedade e cabe à escola tornar os alunos capazes de os produzir; assim, o trabalho da escola deverá incidir nas competências gráfica, ortográfica e compositiva.
Quem escreve realiza diferentes actividades no decurso do processo; essas actividades incluem: activar conhecimentos sobre o tópico e sobre o género do texto, redigir o texto, avaliar o que escreveu.
Na planificação diversas actividades podem ser postas em prática para apoiar o desempenho de tarefas de geração, selecção e organização de conteúdos.
A componente da textualização é dedicada à redacção propriamente dita.
A revisão manifesta-se através da leitura, avaliação e eventual correcção ou reformulação do que foi escrito.
É o professor que pode desencadear situações de escrita, com as mais diversas funções: identificação, informação, para explicar, convencer, avisar, registar, reflectir, criar…
Há que reconhecer a importância do papel do professor enquanto mediador na construção do conhecimento dos alunos acerca da escrita; a aceitação de que o ensino da escrita não deve circunscrever-se a produções pontuais e aleatórias, mas antes inserir-se numa lógica sistemática, progressiva e sequencial, orientada para o domínio das competências implicadas pela escrita e para o acesso às suas funções; necessidade de facultar modelos consistentes de acção didáctica para que os professores possam construir e reconstruir modos diferenciados de trabalho prático com a escrita.
Barbeiro (1999) realça o carácter dinâmico e criativo do processo de escrita e a permanência do produto escrito na relação entre o jogo e a linguagem. A componente criativa da escrita pode ser activada pelo jogo, com a intervenção do acaso e na observância de regras.
O grau de complexidade cognitiva, para Pereira e Azevedo (2005), é o que diferencia a leitura da escrita; a escrita implica a produção de informação.
O mundo da criança é um mundo de “faz-de-conta”. Diversificar o modo como a criança convive com a escrita, pode fazer-se através da escrita expressiva e lúdica, como preconiza Dias (2006); com este tipo de escrita, a criança desperta e entusiasma-se com a escrita pois, esta é uma tarefa, normalmente, custosa e que consome muitas energias, físicas e psíquicas.
A criatividade é algo que todos podemos usar e desenvolver. Quando escrevemos criativamente, o que importa não é o produto final, o que importa é o trajecto efectuado, o vocabulário que se descobriu e o imaginário que se explorou, como referem Santos e Serra (2007). Ao avaliar este tipo de escrita, o que importa é que a criança se sinta motivada para continuar a escrever, que compita consigo mesma e, que queira melhorar.

Assim, seleccionámos alguns exercícios de escrita criativa sugeridos por diversos autores e pusemo-los em prática com as nossas formandas de 1º ano.

LETRA IMPOSTA

- Escrever um texto em que uma determinada letra ou fonema, ainda que com grafias diferentes, é obrigatório em quase todas as palavras.

- “D”

"A Dina dormiu durante o dia de Domingo devido à dor do dedo depois da dentada do dinossauro da Dinamarca. O dinamarquês destemido desferrou-lhe dolorosa dentada…e danificou a dentadura. Dura ditadura…"


PALAVRA PUXA PALAVRA
- Escrever uma frase ou expressão. Continuar a escrever, iniciando cada linha com a última palavra da linha anterior, até se dar o texto por acabado.

"Um dia de chuva
Chuva que caiu na rua
Rua que ficou salpicada
Salpicada ficou a saia
Saia do carro seu ladrão
Ladrão que rouba ladrão
Ladrão não tem perdão"


NÚMERO PUXA PALAVRA

- Escrever por ordem, no início de cada linha, os números de 1 a …. Escrever um (com)texto para esses números.

"1 menino encheu
2 balões, logo
3 meninos se aproximaram
4 balões soltaram
5 pássaros se juntaram
6 aviões se cruzaram
7 dias se passaram
8 papagaios apareceram
9 meninos os reclamaram
10 barcos avistaram
11 velas eles apresentavam
12 marinheiros os conduziam…"



SÍLABA PUXA PALAVRA

Escrever uma palavra. Destacar a última sílaba e iniciar com ela a palavra seguinte. Continuar este procedimento até formar “um comboio de palavras”.

Pato-tomada-data-tapete-telefone-neto-toca-capa-pata-tareco-copo-pote-tela-lapela

patomadatapetelefonetocapatarecopotelapela


LIPOGRAMA

Escrever um texto em que determinada letra é proibida – se a escolha incidir sobre uma vogal a dificuldade será maior.

(sem “a”)

"Ontem fui comer peixe frito.
O peixe delicioso soube muito bem.
O cozinheiro cozeu-o num pote no lume…"


AS LETRAS APRESENTAM-SE

Escolher uma letra do alfabeto que vai apresentar-se através de uma lista de palavras de que ela é inicial e de um curto texto formado a partir delas.

L - lindo, livre, lutador, louvável, louco, limpo, lustroso, lânguido…


ESCREVER COM CORES

Escrever no início de cada linha o nome de uma cor. À frente de cada cor, escrever o que ela sugere. Fechar o texto com uma frase-síntese e dar-lhe um título.

"VERMELHO é a cor do coração, do Benfica e da túlipa
AMARELAS são as estrelas, as bananas e a cor do sol
AZUL é o céu, o mar, os olhos, a noite e a cor do Porto
VERDE como o Sporting, as folhas, a esperança e a natureza
VIOLETA é a cor das uvas, do vinho e da paixão
COR-DE-ROSA, cor de menina, do amor, do algodão doce e dos sonhos amorosos
LARANJA, da laranja, da sopa de abóbora, da cenoura, dos sonhos e do bico dos parrecos
PRETO, cor do xaile da avó, do corucho, da tristeza e do vestido de gala
BRANCO, cor da paz, da pureza, da virtude, do papel e da transparência
CASTANHO como a tarde, o chocolate, o tronco das árvores e das raízes

Todas elas dão equilíbrio à VIDA…"


QUE GRANDE BALBÚRDIA

Cada um tem um livro; um é o escravo que anota o que os colegas vão dizendo; cada um lê apenas uma linha do seu livro; o primeiro lê um início de parágrafo e pára no fim da linha; o seguinte tenta descobrir uma linha, no seu livro, que se encaixe nesta primeira e também terá de parar no fim da linha; vão fazendo as modificações necessárias (género, número, tempo…)

"Este é o João.
O menino pensou, pensou…
Ficou cheio de medo e fugiu a correr
E o gato Gui ficou na sala a brincar.
Enquanto isto, lá no alto do céu começou a ouvir…
«Não João! Que porcalhão João!»
Depois ouviu uma voz que dizia muito baixinho:
- Não, eu não o vi!
- Não! É o ar que entra pela janela
Mas há um mau hábito que o João não consegue deixar de ter… e entre cócegas, disse a mamã gata:
- Come-os!
E o monstro da casa de banho… é o autoclismo!
Mas a irmã mais velha do João, a Susana, gritava-lhe:
- BUUUM CLAN CLAN CLAN?
Finalmente deu uma imensa gargalhada…"

- Elaborado a partir dos seguintes livros:
MARTINEZ, Rocio. (2005). O gato Gui e os monstros. Matisinhos: Kalandraka.
SÁNCHEZ, Miriam. (2008). Onde perdeu a lua o riso?. Matosinhos: Kalandraka.
ROBERTS, David. (2008). Matosinhos: Dinalivro.



DEFINIÇÕES MUITO PRÓPRIAS

Formular definições muito próprias de realidades abstractas: A AMIZADE é…




PALAVRAS AOS QUADRADOS

Escolher uma frase com 06 palavras; pôr a folha na horizontal; a tinta, fazer um quadrado de tantas linhas de altura quantas as palavras da frase e de 10 clunas de largura; escrever a frase ao alto, na coluna do lado esquerdo; preencher, fazendo o texto de uma história (em cada espaço só pode estar uma palavra).


QUEBRA-CABEÇAS
Desenhar um quadrado de 08 por 08; escolher uma palavra com oito letras e escrevê-la na diagonal; escrever o texto a lápis, fazendo coincidir o fim de uma palavra com o final da linha; separar as palavras com um risco.




CINCO E GIRA

Quatro a cinco pessoas, outras tantas folhas de papel e uma caneta de cor diferente, para cada um; cada um escreve, no topo da folha, que género de história (terror, mistério, policial, cómica…) quer escrever; cada um escreve uma frase e pára; passam as folhas para o lado, sempre no mesmo sentido e continuam…

























BIBLIOGRAFIA

BARBEIRO, Luís Filipe; PEREIRA, Luísa Álvares. (2007). O Ensino da Escrita: A Dimensão Textual. Lisboa: Ministério da Educação - DGIDC.

BARBEIRO, Luís. (1999). Jogos de Escrita. Lisboa: Instituto de Inovação Educacional.
DIAS, Minervina. (2006). Como Abordar… A Escrita Expressiva e Lúdica - Técnicas e Propostas Didácticas. Lisboa: Areal Editores.

A Formadora Residente: Alexandra Subtil

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