09/04/2009

LER PARA CRESCER


Métodos didácticos que visem o estimular e o desabrochar da consciência fonológica e o iniciar e aprofundar a leitura e a escrita são preocupações constantes na prática pedagógica dos docentes, quer do Pré-Escolar quer do 1º C.E.B..
A criança evolui quer a nível psicológico, físico, moral, social e, principalmente linguístico, sendo este, condicionador do seu futuro académico, relevantemente na leitura e na escrita.
Reiteramos as palavras de Sim-Sim et al (2006) quando referem que as crianças antes de se iniciarem formalmente na linguagem escrita devem poder brincar conscientemente com os sons da sua língua, através de rimas e aliterações, da reconstrução, da segmentação, da manipulação e da identificação silábica e intrassilábica. A decifração deve partir daquilo que a criança conhece - os sons - para o desconhecido - a representação gráfica desses sons. Partir do inverso origina dificuldades na aprendizagem da leitura.
Deve incentivar-se o aluno a uma relação afectiva com os textos (Azevedo: 2006);as actividades de leitura devem ser continuadas pois, a competência literária não é inata, é social e culturalmente adquirida. Para fomentar e desenvolver o gosto pela leitura e pela literatura há que familiarizar desde muito cedo a criança com os livros, com temas e géneros diversificados; quem medeia esta relação criança/livro, deve ser também um bom leitor, que goste e leia regularmente. Nunca se deve associar a leitura de um livro a obrigatoriedade ou punição. Para promover a adesão ao livro, a escolha é fundamental, não deve servir para alguma coisa, não devemos impor os nossos gostos às crianças, devem ler-se diferentes géneros, conhecer livros traduzidos para conhecer outras realidades.
Ter conhecimentos acerca dos livros e da escrita, segundo Lopes (2006), sobre a direccionalidade da escrita, do conteúdo dos livros (letras e palavras), ter ouvido ler muito antes do início da escolarização, são condicionantes do sucesso na leitura e na escrita.
Goulão (2006) afirma que, a aquisição da linguagem escrita se inicia muito antes da escolaridade obrigatória, quando a criança vê materiais escritos, na rua, no supermercado, em casa… e, a escola não deve menosprezar esses conhecimentos.

Assim, tentaremos proporcionar aos educadores, sessões de leitura que sejam um ponto de apoio e de partida, quer na compreensão dos modos de usar e desenvolver a consciência fonológica, quer em relação à proficiente emergência da leitura e da escrita e, às crianças, a possibilidade de estimularem a criatividade, de se sensibilizarem para o mundo mágico das histórias e de desenvolverem a consciência fonológica.



Na primeira sessão (nos Jardins de Infância de Travanca, Morais, Bagueixe e Vale da Porca) lemos o livro "Os crocodilos não lavam os dentes", de Colin
Fancy; conhecemos as tarefas que as crianças já conseguem executar sozinhas; mostrámos animais da história (e outros) e pedimos para imitarem o som das vozes dos animais (fomos frisando os nomes desses sons: roncar, rugir, mugir, piar, sibilar...);identificação de três sons e a ordem em que foram ouvidos; palavras que rimem com ...os nomes dos animais que entram na história;


Exercícios de consciência fonológica:
- Contar sílabas/segmentação: dizer os nomes dos animais com batimentos de palmas para cada sílaba;


- Classificação: dizer três palavras; duas começam pelo mesmo som; identificá-las (ex.: "crocodilo, leão, coruja);
- Síntese ou reconstrução: dizer uma palavra "aos bocados" (silabar) e as crianças descobrem a palavra;
- Manipulação: identificação da primeira sílaba de uma palavra; o que fica na palavra se lhe tirarmos a primeira sílaba; ex.: gato/...to;
Finalmente, construiram puzzles dos animais da história.




Em Vale da Porca fomos recebidos entusiasticamente com um lindo arranjo de flores de papel, elaborado pelas crianças.


Pudemos constatar mais uma vez que, o número de crianças pode ou não, afectar o desenvolvimento dos trabalhos; neste caso, o parco número de crianças que frequentam o J.I., em nada afecta o pleno desenvolvimento das crianças, muito activas e participativas e, já com um bom domínio da consciência fonológica.















Após a sessão de leitura, a educadora trabalhou com as crianças sobre a história lida.














No Jardim de Infância de Grijó

















Lendo para ajudar a crescer, esperamos contribuir para uma profícua articulação entre o pré-escolar e o 1ºciclo, no que concerne ao desenvolvimento da consciência fonológica, no intuito de conseguirmos mais e melhores leitores e "escritores".



Referências
AZEVEDO, Fernando (Coord.). (2006). Formar Leitores - Das Teorias às Práticas. Lisboa: LIDEL.
FANCY, Colin. (2005). Os Crocodilos Não Lavam os Dentes. Porto: Ambar.
GOULÃO, F. (2006). Entrar na linguagem escrita brincando: Português Língua Materna e Não Materna. In AZEVEDO, F. (Coord.). Língua Materna e Literatura Infantil - Elementos Nucleares para Professores do Ensino Básico. Lisboa: Lidel, pp.93-107.
LOPES, João A.. (2006). Desenvolvimento de Competências Linguísticas em Jardim de Infância. Porto: Edições Asa
SIM-SIM, Inês et al (2006). O Desenvolvimento da Consciência Fonológica e a Aprendizagem da Decifração. In Sim-Sim, Inês. Ler e Ensinar a Ler. Porto: Edições Asa.




A Formadora do PNEP: Alexandra Subtil

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